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Lich

Lydia tem uma introspectiva sobre sua relação com a morte.

Às vezes ela sentia que a morte estava extremamente perto, ao ponto de englobar todos os seus sentidos. O vigor do exício percorria pelas suas veias, fazendo-a se sentir menos viva, quase como se estivesse sendo transformada naquelas pessoas solitárias que capturava com o canto do olho, que vagavam no limbo em busca de alguém que as escutasse.

Estranhamente, algo que a deixava tão aterrorizada e perturbada, se transformava em sua companheira nos dias mais extenuantes. Uma alma perdida nos pontos onde a luz não tocava lhe confortava quando ela mesma não conseguia se confortar. A morte às vezes poderia ser barulhenta, mas o barulho agoniante daqueles seres sem vida passava por cima dos sons de tiros e flechas no ar, se tornando, assim, preferível.

Se alguém tivesse dito a Lydia de dezesseis anos que iria encontrar uma amiga na morte, ela teria rido. Ela ficaria apavorada, mas ainda riria pela noção do ridículo.

Agora, após inúmeras mudanças, ela sabia melhor. Poderia compreender o que a morte significava para ela, tanto enquanto banshee, quanto pessoa. Se lembrando daqueles anos onde tudo sobre si mesma era confuso, agora finalmente poderia respirar fundo e aceitar. Apenas aceitar.

Ela era Lydia Martin. Era talentosa e excepcional. Escutava vozes vindo da escuridão e não era alguém normal. Ser banshee era ruim quando sua cabeça estava desordenada, mas era a metade que lhe complementava quando escolhia ser compreensível consigo mesma. Ela escolheu ouvir o que a morte tinha para lhe dizer e ficou satisfeita ao encontrar as respostas para suas perguntas.

Ela sabia quem era. Também sabia quem não era. Não era aquela garota do ensino médio que gostava de espalhar caos por onde passava e nem era a mulher que todo mundo achava que ela fosse. Essas duas figuras nunca fizeram sentido e nunca iriam fazer.

A sutil feminilidade da morte, com seu caráter incorpóreo, lhe representava mais. A morte não era apenas sua amiga, como também era uma metáfora para todas as partes que compunham quem ela era, desde as mais visíveis até aquelas que chegavam a ser invisíveis.

Seu eu estava além do perceptível, mas era sólido, assim como a morte era para ela.

Lydia Martin não era a mulher que gritava, a mulher cercada pela morte. Ela era a pessoa cuja morte abraçava, tocando seu senso de identidade, lhe dando um abrigo, e também uma armadura.

Lydia Martin era Lydia Martin. Ela definia o que era, pois a morte havia lhe presenteado com esse caminho.